segunda-feira, 27 de setembro de 2010

ITS - Capítulo II

- 10° dia

É, eu realmente tenho sorte, e agora eu acreditava que o destino me dava a mão e me levava para um lugar bom. Eu não conseguia imaginar melhor lugar do que Henry. Ao menos, não naquele momento. Afinal, até quando eu não pensava nele, algo nos ligava.
 Henry espreguiçou-se e eu fitei seus olhos. Ele tinha um ar cansado, mas energético ao mesmo tempo. Isso me surpreendia, afinal, ele havia tocado até às duas e meia da manhã e hoje acordou às oito da manhã, apenas para me trazer ao parque e passar a manhã de meu aniversário comigo. Eu sei o que estão pensando e já digo: não somos namorados. É, eu sei, estranho. Henry é um tanto lerdo demais, e apesar de qualquer um que nos visse ali apostar que éramos namorados, não éramos. Para meu grande desgosto, claro, afinal, tínhamos tudo para formar um casal. Só faltava Henry se tocar disso.
 - Está tudo bem, Liv? - ele me perguntou enquanto colocava as mãos atrás da nuca e apoiava ambas no tronco da árvore às suas costas.
 - é só um pouco de sono... - ele me olhou como se disse-se "Isso não me surpreende". - Ah, dá um desconto, fui dormir às três e meia da manhã, Henry!
 - Claro... Claro... - ele fechou os olhos serenamente e sorriu. Eu suspirei baixo.


- 4° dia

 - Querem saber? Coloquem uma maldita coleira em mim e me tratem como uma dos cachorros! - eu gritei para meus pais e dei as costas, saí pela porta da cozinha batendo-a de tal forma que fez eco pela rua.
 Era incrível como eles tinham o dom de estragar tudo! Eram minhas férias, meus dias de paz! Eu passei cinco meses me matando de estudar e agora eu não poderia ter apenas quinze dias de folga? Qual era o grande problema em viajar por cinco dias com Alice e Helena? Eles faziam coisas tão piores do que isso quando tinham minha idade e não queria me dar um voto de confiança? Eu realmente odiava isso.
 Quando percebi, já não estava mais no bairro de casa. Eu não sabia para onde estava indo e senti minha raiva incontrolável se transformar em lágrimas. Eu atravessei muitas ruas e nem me preocupei em olhar para os lados ou respeitar o semáforo, meus ouvidos ignoravam o barulho das buzinas e dos palavrões. Eu dobrava qualquer esquina quando enjoava de andar reto. Eu deixava meus pés me guiarem, minha mente estava desligada, não me importava para onde estava indo, desde que fosse longe de casa.
 Parei de andar. Foi como se eu acordasse de um desmaio, agora eu percebia o barulho dos carros e as pessoas ao meu redor . Percebia até o som de música e então olhei onde estava parada. Mais uma vez, eu estava em frente ao Rock's Bar de novo. Era claro que Henry estava tocando com sua banda novamente, eu reconhecia sua voz. Eu olhei para meus pés e sorri.
 - Obrigada... - eu murmurei para eles, como uma idiota, e entrei no bar.
 Como eu já sabia, Henry estava tocando, eu olhei para ele e senti meu rosto corar levemente. Henry levantou os olhos do teclado e me viu ali. Ele sorriu sutilmente e voltou a cantar, só então prestei atenção na música.


♪ If you don't know if you should stay

If you don't say what's on your mind
Baby just breathe
there's nowhere else tonight we should be

You wanna make a memory? ♪

Ele cantava sorrindo, como se estivesse contente apenas pelo fato de eu estar ali. Só então reparei em como estava vestida, usava a camisa do meu pijama e uma calça jeans velha. Tudo bem, eu estava praticamente no centro da cidade, qual o problema? Ao meu ver, nenhum, eu poderia sair só de lingerie que nem me importaria. Mas, naquele momento, eu me importei. Percebi que queria passar uma boa impressão para ele, e  bem.. Tá, eu não tinha planejado ir falar com ele, tinha? Aliás, eu estava ali por que?

♪ You wanna make a memory? 
You wanna steal a piece of time?
You can sing the melody to me
And I can write a couple of lines

You wanna make a memory?
You wanna make a memory?♫

Ele parou de cantar e me encarou. O sorriso brincando em seus lábios. Eu sorri de volta e senti meu rosto molhado. Passei as mangas da blusa em meu rosto rapidamente e agradeci por não gostar de usar maquiagem, caso contrário, eu estaria parecendo mais louca do que já estava. Henry ajeitou o microfone no pedestal.
 - Bem gente, agora vamos fazer uma pequena pausa. Logo voltamos a tocar, obrigado por nos aturarem até agora... - ele disse em tom de brincadeira, e eu ri baixinho.
Henry desceu do pequeno palanque e caminhou até a mim, o rosto um tanto preocupado. Ele me segurou pelos ombros, olhando fundo em meus olhos, sem desviá-los.
 - Liv? O que aconteceu com você? - ele murmurou, passando o polegar pelas minhas bochechas.
Eu senti mais raiva ainda pior estar parecendo uma idiota na frente dele e comecei a chorar de novo. Odiava quando isso acontecia. Henry me abraçou e me guiou até a mesa em que sua banda estava. Pediu algum refrigerante para o garçom e voltou a me encarar. Eu já estava melhor, ao menos, havia parado de chorar. Mas a raiva dentro de mim estava grande demais. Eu realmente não queria voltar para minha casa naquela noite. Quem sabe dali a algumas semanas.
 - Bem Liv, quer comer alguma coisa?
 - Não, estou bem Henry... Obrigada. - eu sorri para ele, que pareceu mais calmo e retribuiu o sorriso.
 - Eu não vou perguntar o que aconteceu de novo, se isso te fizer voltar a chorar, então... O que te traz até aqui hoje? - ele apoiou um cotovelo na mesa e me olhou com certo interesse.
Eu ri por dentro. Bem, isso significava que eu estava mesmo ficando mais calma. Henry estava se tornando um amigo muito mais rápido do que eu poderia imaginar. Se continuássemos assim, quem sabe não poderíamos ser algo mais forte? 
 - Bem, nem eu sei como vim parar aqui... Num momento eu estava em casa discutindo com meus pais e no outro, estava no meio deste bar te ouvindo cantar de novo... - eu dei de ombros.
 - Discutindo com os pais, Liv? - ele tinha novamente um tom preocupado na voz.
 - É, bem... - eu contei para ele toda a história, toda a minha raiva. Henry me olhava com interesse, concentrado, não como quem me julgava "uma filha má", mas como se estivesse me entendendo, coisa que muitos nunca tentavam fazer. O garçom chegou com a Coca-Cola e eu tomei um gole, não era meu refrigerante favorito, mas Henry ainda não sabia disso. - Eu acho que eles são tão... Tão...
 - Super-protetores? Pessimistas? Desconfiados? - Henry começou a listar tudo o que eu poderia ter falado, e eu ri disso.
 - É, algo parecido com isso... 
 - Liv, acredite, isso é tão normal quanto respirar... - ele tocou meu ombro com o próprio ombro - Eu, por exemplo, sou um músico que tem que chegar em casa antes da uma e meia da manhã... - ele fez uma carinha de coitado que eu não aguentei e comecei a rir.
 Continuamos a conversar, logo o resto da banda chegou à mesa e dai sim eu comecei a rir. Eles eram muito mais engraçados todos juntos. 
Logo, uma hora havia se passado, meus olhos estavam secos, minha risada mais verdadeira e eu não me importava se voltaria para casa ou não.
 - Liv, vamos tocar novamente, tudo bem? - eu concordei com a cabeça - Ótimo, fique aqui então.
Todos levantaram-se e foram para o palanque. Henry posicionou-se em seu teclado e piscou um olho para mim.
 - Eu quero que a próxima música possa realmente animar uma amiga minha.- ele sorriu para mim novamente e eu me senti corar.

♪ I wanna runaway
Never say goodbye
I wanna know the truth
Instead of wondering why
I wanna know the answers
No more lies
I wanna shut the door
And open up my mind ♫

Era... Linkin... Park?
Eu realmente fiquei paralisada naquele momento. Henry já tinha uma voz maravilhosa. Cantando Linkin Park ficava... Sete vezes mais linda e gostosa de ouvir! 
Eu não consegui aguentar minha felicidade e comecei a cantar junto com eles. 
Minhas preocupações? Tinham fugido de mim.



quinta-feira, 16 de setembro de 2010

TofT - Capítulo III



19:30 - Alex

Eu abri meus olhos e senti minha cabeça latejar. O que havia acontecido? Eu me lembrava de estar tomando chocolate, a vendedora sorrir maliciosamente para mim, de levar uma pancada na cabeça e então mais nada.
Olhei ao redor e imediatamente soube onde eu estava: dentro da Casa. As paredes de pedras cinzentas e lisas formavam um corredor a minha frente, havia poças enormes de tinta vermelho vivo, as paredes estavam marcadas com a tinta também, como se alguém tivesse tentado segurar-se nelas. Eu me levantei, me apoiando na parede. Revirei meus bolsos procurando meu celular, mas ele não estava comigo. Tudo bem, eu estava do outro lado do parque, sem meus amigos, sem meu celular e com monstros em qualquer lugar que eu fosse. Tudo o que eu poderia fazer era procurar a saída daquele lugar e depois procurar um telefone público. é, era esse meu plano.
Eu comecei a correr pelo corredor, meus passos ecoando secamente pela casa. Ao que parecia, eu estava sozinha. O que não era normal em um parque de diversões grande como aquele. Cheguei em um ponto em que o corredor se dividia em três portas. Quando visitamos A Casa mais cedo, Jack havia escolhido a porta do meio, o que nos levou à muitos monstros e todos aqueles efeitos medonhos feitos para nos assustar. Me chamem de medrosa se quiserem, mas eu não queria tomar mais nenhum susto hoje.

Escolhi a primeira porta e entrei em um cômodo luxuoso e iluminado. Era bonito, se não fosse pelo fato de haver um corpo jogado no meio da sala, imerso em uma poça de sangue, os olhos vidrados em mim, mas sem vida.
Eu berrei e a porta atrás de mim fechou-se com uma batida oca. Instantaneamente a luz apagou-se e eu gritei novamente, me apertando contra a porta trancada. Muito legal, justamente o que eu não queria mais naquela noite... Eu estava tendo. Ouvi o riscar de um fósforo e os candelabros da sala se acenderam, mas o cômodo não iluminou-se tanto quanto antes. E de dentro dos armários e debaixo das almofadas dos dois sofás, surgiram quatro monstros de cera, o rosto completamente derretido, desfigurado, mãos queimadas e murchas, cabelos ralos, chamuscados e sujos, as vestes longas, empoeiradas e queimadas em certos pontos. O mais estranho deles usava uma calça laranja, tênis verde limão e camisa preta, o cabelo desbotado e falho era verde também. Ele não combinava com os outros bonecos, mas avançava aos tropeços para mim igual aos outros.
Eu gritava novamente. Do outro lado da sala havia uma porta, mas eu teria que passar por todos os monstros.
 "Imaginem como ela vai ficar quando escurecer e soltarem os monstros..." eu ouvi as palavras de Jack se repetirem em minha cabeça. Eu franzi a testa. Eram pessoas como eu maquiadas e vestidas pagas para assustarem. E estavam realizando o trabalho muito bem, por sinal. Eu apertei os punhos e comecei a correr em direção à porta, empurrando e derrubando os bonecos do meu caminho. Para minha sorte a porta estava destrancada.
 Eu sai em um quarto pequeno com apenas uma cama e um criado mudo. Deitada na cama estava uma garota mais ou menos da minha idade, cabelos loiros brilhantes, pele extremamente pálida e lábios muito vermelhos. Parecia a Rosalie de Twilight, exceto que a garota era extremamente magra. Ela segurava uma vela acesa com as duas mãos, a cera derretida da vela escorria por entre seus dedos, mas a loira não expressava dor. "Claro, é um boneco, Alex!" eu pensei. Havia outra porta no quarto, em frente a cama. Eu tentei girar a maçaneta, estava trancada. Então senti algo quente pingar em minha blusa. Eu me virei e a loira estava de pé atrás de mim, os olhos vermelhos, antes fechados, agora me fitavam arregalados e enevoados.
Eu comecei a gritar desesperadamente, chutando e socando a porta, a loira tentava pingar a cera em qualquer parte descoberta de meu corpo, ou me queimar com a chama da vela (que não importava o quando ela a chacoalha-se, a chama não se apagava). A loira começava a sorrir de forma maldosa para mim, aquela vela pingando cada vez mais, acertando minha blusa de moletom e furando-a com as chamas. Eu soquei a porta com mais força e ouvi alguém destrancá-la do outro lado, eu a abri eufórica e acabei caindo no chão da outra sala, empurrando a porta com os pés, que fechou-se com um "clock". Ótimo, trancada novamente. Agora era só esperar surgir mais bonecos feios. Aquilo estava me cansando. Eu me levantei e olhei ao redor. O chão daquela sala era coberto por uma grossa camada de cera, tinha uma textura estranha, como se o chão fosse partir-se a qualquer momento. Na sala havia um único e enorme baú dourado. Claro, o baú abriu-se e um cara duas vezes maior do que eu, saiu de dentro, empunhando dois facões enormes que o grandalhão fazia dançar em suas mãos, cortando o ar com um zumbido. Eu comecei a correr, mas correr sobre cera era realmente complicado, eu não saía do lugar, praticamente. Já para o cara, era extremamente fácil. Ele andava rápido em minha direção, me ameaçando com os facões. Eu engatinhei até a outra porta, o cara tentou me acertar com o facão, eu rolei para o lado no último segundo, o facão cortou quase dois dedos do meu cabelo quando acertou o chão, abrindo uma rachadura na cera.
Eu me levantei, louca.

- HEY, CARA! - eu gritei para ele, que se aproximava de mim sorrateiramente, a cabeça ligeiramente tombada para o lado - TÁ FICANDO LOUCO?

Ele riu, um som rouco e gelado, morto. Eu me virei de costas e tentei abrir a porta, não estava trancada, mas sim emperrada. Eu chutei a porta com toda a força que eu tinha e ela abriu-se como se fosse mágica. Passei por ela e a chutei novamente, fechando-a. Havia mais uma porta apenas e ela estava totalmente aberta, eu podia ver os jardins por ela. Eu comecei a atravessar rapidamente a sala, mas parei no meio do caminho quando o último monstro apareceu, barrando a porta. Eu podia enfrentar todos os outros, menos aquele.
O boneco tinha oito membros (provavelmente, os dois pares extras de braços eram mecânicos), onde deveria ser a cabeça de um homem, havia a cabeça de uma aranha feita com cera. Eu sentia ânsia, minhas pernas travaram e eu não conseguia parar de tremer. Eu queria gritar o mais alto que eu conseguisse, mas naquele momento, eu era, eu era uma garotinha muda. Aquele "Homem Aranha" avançou para mim, tocando os braços no chão, parecendo mais ainda uma aranha, correndo em minha direção ainda mais rápido. Bem, 17 anos fugindo de aranhas tinha que resultar em algo bom. Automaticamente eu saltei por cima daquela coisa, acertando o meio de suas costas, fazendo com que ele desmorona-se. Saltei novamente, chorando de novo e medo. A porta estava livre enfim, atrás de mim, aquela coisa começava a erguer-se. Eu cheguei aos portões da Casa chorando como um bebê, com os cabelos dois dedos mais curtos e cortados em uma diagonal horrível, as pernas doendo, o moletom cheio de furos e cera grudada, suada e querendo uma cama. Por sorte, encontrei algo melhor.
Um telefone público.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

TofT - Capítulo II



18:00 - Jack

Minha vontade de cair na gargalhada era enorme. Eu sempre achei graça em toda essa baboseira de monstros, mas não era deles dançando e pulando na minha frente que eu ria, e sim das garotas assustadas.

Alex estava quase branca e eu não entendia por que. A idéia tinha sido dela, afinal. Tudo bem, Alex adorava testar seus limites, mas a ruiva nunca sabia quando parar, tanto que odiava ser desafiada. É, ela tem coragem, devo admitir. Mas vê-la tão branca quanto já era (o que deixava seus longos cabelos acaju mais vivos ainda), os olhos verdes quase lacrimejando e prestes a começar a tremer, era realmente cômico.

- Eu vos aviso, meros mortais – bradou um dos monstros, cessando a música, os outros personagens ficaram imóveis. As vestes rasgadas e sujas de cera do homem tocavam levemente o chão e se moviam de uma forma sinistra com o vento. Ele parecia um morcego, na real – Vossas vidas são delicadas demais para que vocês possam ficar despreocupados... – lentamente, os outros monstros começaram a descer do palco, até que o cara que falava ficou sozinho, sorrindo ameaçador – E nesta noite, vocês irão perceber que eu vos falo a verdade... – seus olhos brilharam em um tom avermelhado. Belo jogo de luzes – CORRAM!

Ouvimos o som de pratos de uma bateria e o parque ficou todo escuro. Meus braços foram agarrados, possivelmente por Alex e Helena, que estavam realmente geladas. Alguma coisa começou a mover-se rapidamente pela multidão que se apertava. E então ouvimos um grito estridente e luzes vermelhas foram acesas. Um boneco de cera estava pendurado por um gancho pelo pescoço na cobertura do palco, uma tinta vermelha pingava de sue corpo. E eu me senti ser empurrado pela multidão que queria correr para longe dali.

- Eles estão soltos Jack! – Alex estava desesperada, me puxava com força para acompanhar nosso grupo, mas eu não me movia, continuava olhando fixamente para o boneco pendurado – Anda, vamos correr!

Eu pisquei duas vezes para desviar meu olhar daquele corpo. Obviamente era um boneco, mesmo que não parecesse.

- Jack... – Alex choramingou, só então olhei para ela. A ruiva realmente chorava – Por favor...

Eu a peguei no colo rapidamente e comecei a correr. Agora eu tinha que encontrar o resto do pessoal, mas naquele aglomerado seria impossível. Enquanto eu corria, Alex escondia o rosto em meu pescoço e tentava parar de chorar. Eu desviei de dois monstros que entraram em meu caminho antes de entrar na loja mais próxima. Convenientemente, ou não, era uma loja de chocolates. Alex desceu do meu colo tremendo e sentou-se em um dos bancos do balcão, eu me sentei ao seu lado.

- Quer ir embora Alex? – eu lhe perguntei carinhosamente, afinal, ela parecia prestes a desmaiar.

- Não. – ela limpou as lágrimas. Eu odiava essa teimosia dela – Eu estou bem. Só me assustei um pouco...

- Um pouco? – eu arqueei uma sobrancelha.

- Esqueça. – ela revirou os olhos – Vamos encontrar os outros e tudo ficará bem.

Eu concordei com a cabeça. Uma mulher com longas vestes negras e roxas e com uma cicatriz maquiada no lado esquerdo do rosto apareceu dos fundos da loja, sorrindo convidativa.

- Desculpem a demora. Deseja alguma coisa? – ela perguntou, focada em Alex, como se eu nem estivesse ali.

- Tome um chocolate, Alex. Vou ali fora ligar para o Max. – eu me levantei, ela me segurou e me olhou temerosa.

- Não pode ligar daqui de dentro? – sua voz estava tremida.

- Desculpe Alex, celulares não pegam bem aqui no parque, menos ainda dentro de lojas... – eu acariciei seu braço para acalmá-la.

- Mas...

- São três minutos Alex, prometo. Não deixo nenhum monstro entrar, okay? – eu pisquei para ela que me soltou lamentosa.

Eu saí da loja e liguei para o Max. Aquele bossal demorou para atender.

- Alô? – ele disse, a ligação estava chiando.

- Onde vocês estão?

- Na frente daquele brinquedo de água... – cara! Era quase do outro lado do parque!

- E como foram parar aí?

- Correndo, oras... – ele riu.

- HAHA. Idiota.

- E onde você tá? Alex tá contigo?

- Sim, ela tá tomando chocolate quente para se acalmar.

- Naquela loja de chocolates perto do palco?

- É, basicamente.

- Tá, nos esperem aí então.

Ele desligou. Eu olhei ao redor, o lugar estava bem calmo. Acho que todos correram para o outro lado do parque.

Entrei novamente na loja. Havia uma xícara com algo quente dentro. Nenhuma vendedora. Nenhuma garota. Nada. Apenas o chocolate. E sobre o banco onde Alex deveria estar, seu celular. Ela NUNCA largava seu celular.

- Alex?

Ninguém me respondeu, a não ser meu fraco eco.

Eu saí para o fundo da loja, de onde a vendedora havia saído. Nada além de mais chocolate. E uma porta escancarada que dava para as ruas do parque.

Saí da loja desesperado. Liguei para Max novamente, desta vez ele atendeu rápido.

- O que foi agora? – ele perguntou entediado.

- Alex sumiu.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

ITS - Capítulo I

– 10° dia

O sol já estava se pondo quando encostei minha cabeça no ombro de Steven. O garoto apoiava o violão em seu colo deu alguns acordes perdidos, misturando várias músicas a cada dois acordes que ele dava. Ele estava contente. Eu estava contente. E como poderia não estar? Ali estávamos nós, sentados no lugar mais alto da cidade, vendo o sol se por, uma cesta de piquenique ao nosso lado e a música maravilhosa de Steven. Qualquer garota estaria tão contente quanto eu em meu lugar. Mas, eu tinha algo que elas não tinham: minha incrível sorte.

– 1° dia

Corríamos como três idiotas, os carros buzinavam alto demais, encobrindo o turbilhão de palavrões que eles lançavam sobre nós. E eu ria disso tudo. A noite estava sendo mais engraçada do que eu previra, minha primeira noite de férias estava mesmo valendo a pena.

O cappuccino em meu estômago começava a reclamar da correria e aos solavancos eu fui parando de correr, Helena e Alice faziam o mesmo. Só então percebi que estava ficando sem ar, tive que respirar fundo três vezes para conseguir parar de rir.

- Ah, droga! Meu tênis desamarrou de novo! – resmungou Helena enquanto caminhava rápido para uma casa ao lado, onde apoiaria o pé para amarrar o tênis.

E momentaneamente, as buzinas pararam de tocar e eu pude perceber uma música, uma música que eu conhecia.

What have we found?

The same old fears

Wish you were here

Eu fiquei estática naquele momento. Não acreditei, só podia ser um CD... Era bom demais pra ser...

- ALICE! – eu agarrei no braço da garota ao meu lado, ela assustou-se e deu um pulo para o lado- Isso é o que eu to pensando?

- Ahmmm... – ela me olhou com cara de “Você acha que eu leio pensamentos” – Depende...?

- PINK FLOYD! – eu gritei e olhei na direção de onde vinha a música. Era algum tipo de bar, só que mais limpo e organizado. A parede que dava para a rua era aberta, havia uma parte mais alta onde estavam algumas mesas. Eu procurei a banda que tocava e de fora do bar eu podia vê-los. Eu realmente, não acreditava no que estava ouvIndo – PINK FLOYD ALICE! É...

- Pink Floyd. Okay Liv, okaaaay... – ela disse em um tom calmo, como se quisesse acalmar uma criancinha excitada com algum doce. Tá, minha reação havia sido praticamente a mesma.

- Vamos entrar? –eu olhei com os olhos de cachorro sem dono pra ela.

- Entrar? Mas estamos sem dinheiro...

- E quem disse que precisamos comprar alguma coisa? – eu girei os olhos para ela. Naquele momento, a banda havia parado de tocar. Claro, a música havia acabado.

- Viu? Acabou Liv. Vamos continuar andando... – ela deu dois tapinhas em minhas costas e eu olhei feio pra ela. Quando percebi, Helena estava ao nosso lado novamente.

- Hey, por que as duas estão paradas ai? – ela sacudiu as mãos na nossa frente, como se quisesse ver se ainda estávamos acordada.

E então eu percebi que eles haviam voltado a tocar. Helena também ficou com o olhar perdido, um sorriso idiota no rosto. Alice tentava gaguejar o nome da música, e eu segurava para não rir. De lá de dentro, o vocalista começou a cantar.

And I'd give up forever to touch you

'Cause I know that you feel me somehow

You're the closest to heaven that I'll ever be

And I don't want to go home right now

And all I can taste is this moment

And all I can breathe is your life

And sooner or later it's over

I just don't want to miss you tonight

- IRIIIIIIS!! – elas quase gritaram juntas. Eu comecei a rir daquela cena.

- E então, Alice? Vamos entrar ou não?

Alice pareceu nem me ouvir direito. Agarrou meu pulso e o de Helena e nos arrastou para dentro do bar. Havia uma única mesa vazia naquele lugar, e onde ela ficava? Praticamente, bem na frente do pequeno palco onde a banda tocava. Alice estava nos arrastando em direção a aquela mesa, até que eu “acordei”. Estávamos sem dinheiro, entrando em um bar, nos sentando logo na primeira mesa e bem de frente para a atração daquele lugar. Com certeza, alguém iria achar estranho. Iriam nos confundir com bandidas ou coisa pior, talvez.

Mas não pude argumentar, pois logo em seguida, Alice estava me socando em uma cadeira e sentando-se ao meu lado direito. Do meu lado esquerdo, estava Helena, com a maior cara de retardada do mundo! Tá, a música era realmente linda, mas ela precisava mesmo ficar com aquela cara de boba-alegre?

Eu olhei para a banda pela primeira vez enquanto cantarolava a melodia em um tom baixo. Havia um baixista... Estranho; Um baterista... Engraçado; Um garoto com cara de pivete tocando um violão (que eu nem conseguia ouvir); Ao lado dele, um garoto muito parecido com o baixista, só que menos... Estranho... Tocando guitarra; E no teclado e no vocal ao mesmo tempo, havia um garoto também. A diferença entre ele e os outros garotos? Ele parecia estar realmente realizado naquele lugar. Como se tocar e cantar fossem a vida dele. Ele sorria enquanto cantava (eu não consigo nem sorrir enquanto penso, imagine enquanto canto!), os cabelos escuros e encaracolados balançavam conforme ele tentava dançar&tocar&cantar ao mesmo tempo. Os olhos estavam fechados, e mesmo assim, pareciam incrivelmente concentrados. Ele terminou a música com perfeição e abriu os olhos. Eles eram tão escuros, mas tão brilhantes, que fizeram os meus olhos brilharem. Não consegui pensar direito, na verdade, eu nunca pensava, mas de qualquer forma, eu me senti hipnotizada por aqueles olhos.

- Né Liv? – Helena cutucou meu braço e eu balancei a cabeça como se estivesse acordando.

- Hãn? – eu tentei falar alguma coisa, mas afinal, sobre o que elas estavam conversando?

- É, e depois a brisada da turma sou eu... – Helena comentou e eu dei de ombros. – Então, eu disse que eles tocam muito bem... – ela repetiu o que quer que ela tenha diot antes.

- É... – eu disse vagamente, atordoada – Tocam...

O garoto no teclado correu os olhos pelo lugar, e em questão de segundos, ele fixou seus olhos nos meus. Ele sorriu.

- Bom... – ele começou a falar, os olhos ainda presos em mim – A próxima música, acho que poucos devem conhecer... – ele olhou para os outros caras da banda e contou baixo.

When i find myself in times of trouble
Mother mary comes to me
Speaking words of wisdom, let it be.
And in my hour of darkness
She is standing right in front of me
Speaking words of wisdom, let it be.
Let it be, let it be.
Let it be, let it be.
Whisper words of wisdom, let it be.

Eu senti meu queixo cair. Eles... Estavam tocando...

- Beatles? – eu disse com a voz um tanto... Aguda? É, acho que seria isso.

- Como é Liv? – Alice me olhou sem entender.

- B-Beatles Alice... É... Let It Be! – eu olhei feito uma retardada para a banda.

O vocalista parecia se divertir com a minha reação, e eu tinha certeza que ele estava olhando diretamente para mim. Ou eu estava certa, eu estava ficando realmente louca. Não percebia mais nada ao meu redor, só conseguia prestar atenção em uma única coisa.

Algo dentro de mim fazia um som que acompanhava as batidas da música. Eu sabia que meu coração machucado estava batendo novamente.

IS THE SONG - Prólogo



IS THE SONG

Acredito que nada acaba sendo por acaso. E eu tenho todos os motivos pra acreditar nisso realmente, mais do que qualquer outra pessoa. Meu nome é Liv, e a partir de agora, você vai entender porque nada é por acaso.

TofT - Capítulo I

17:00 - Alex

Eu tentava gritar e rir ao mesmo tempo. O vento batia fortemente contra meu rosto, jogando todo o meu cabelo para trás, fazendo-o chicotear no banco do brinquedo. Minhas mãos estavam agarradas na trava de segurança do carrinho, enquanto o garoto ao meu lado tinha as mãos para o ar e gritava tanto quanto eu, um grito de adrenalina, não de desespero igual ao meu. O cabelo escuro e encaracolado agitava-se ao vento da alta velocidade, os olhos castanhos estavam completamente abertos. O carrinho diminuiu a velocidade, subindo novamente.

- Anda Alex, solte as mãos! – ele me cutucou com o ombro, eu me segurei mais na trava.

- Sem chances, Jack! – retruquei de volta, atônita.

- Pare de ser menininha... – ele resmungou e puxou minhas mãos da trava – Agora, levante-as.

- Ah, claro, e eu vou mesmo levantar minhas mãos assim... – eu levantei os braços para tirar com a cara do Jack, ele piscou para mim e naquele exato momento, o carrinho voltou a despencar.

Eu gritei e procurei desesperadamente no que me segurar. Meus braços encontraram o pescoço de Jack e se agarraram nele, o garoto novamente gritava com a adrenalina e levantava os braços, eu enfiei meu rosto sem eu pescoço, apertando meus olhos. Senti meu corpo ser jogado em todas as direções possíveis, a velocidade sempre aumentando, o carrinho tremendo sobre os trilhos da montanha russa.

E então parou. Os gritos cessaram. Eu ouvia Jack rir como se tivessem lhe contado a melhor piada do mundo. Ouvi um “clock” e senti minhas pernas se aliviarem. Todo este tempo e eu não largara o pescoço de Jack.

- Pode me soltar agora se quiser, Alex. – ele disse sarcástico.

Afastei minhas mãos dele o mais rápido que pude e saltei daquele carrinho, tremendo. Jack surgiu ao meu lado, ainda rindo, o que me irritou. Nossos amigos nossos amigos nos esperavam na saída, quando nos viram começaram a rir também. Jack deu um soco no ombro do Max, o único do grupo que não ria. Os olhos azuis do garoto estavam semi-cerrados, ele franzia a testa, o cabelo claro caía sobre os olhos.

- Eu disse que ela ficaria apavorada... – disse Jack, retomando a conversa passada, antes de entrarmos no brinquedo.

- Alex, você podia ao menos ter fingido! – ele me disse como se estivesse me dando uma bronca, antes de colocar uma nota de dez reais na mão de Jack. Eu revirei os olhos para Max.

- Apostou porque quis, idiota. – eu retruquei.

- Imaginem como ela vai ficar quando escurecer e soltarem os monstros... – Jack voltou a rir enquanto guardava o dinheiro no bolso.

- Mas ela não vai precisar temer, já que o namoradinho dela vai estar aqui para protegê-la, não é Jack? – David provocou e Jack parou de rir, tanto ele quanto eu o encaramos feio – Okay, era brincadeira, seus mau-humorados.

- Tá, já chega. – impôs Anitra, dando um pedala em David – Vamos levar a Alex para tomar alguma coisa.

Anitra passou o braço pelos meus ombros e começou a me puxar. Os outros nos seguiram. Anitra tinha os olhos extremamente azuis, os cabelos loiros, longos e lisos, era alguns meses mais velha do que eu, mas era minha melhor amiga, uma irmã.

Chegamos à praça de alimentação, estava bem menos cheia do que quando almoçamos. Sentamos em uma mesa e Anitra, Max e David foram buscar os lanches.

- Povo, nãoa guento mais andar... – reclamou Helena enquanto colocava os pés sobre a mesa.

- Helena! – Jack empurrou os pés dela para baixo, revirando os olhos – Vamos comer aqui, sabia?

- Ah, droga. Mas eles doem... – Helena fechou a cara, parecendo uma criancinha birrenta.

- É, os meus também. O parque é grande demais, tudo muito longe... – eu concordei e Helena confirmou balançando a cabeça, fazendo os cabelos castanhos dançarem em seus ombros.

- Menininhas preguiçosas... – provocou Jack, cruzando os dedos atrás da cabeça e apoiando a cadeira nas pernas traseiras.

- Eu iria rir tanto se você caísse agora...

- SE. Disse bem Alex... – naquele momento, Max voltou e puxou a cadeira dele para baixo, eu comecei a rir loucamente. Max fez um toquinho comigo e sentou-se ao meu lado. Jack levantou-se, olhando para nós com cara de “Vocês-vão-ver”.

- É... SE. – eu debochei.

- Me aguardem... – ameaçou Jack e eu arregalei os olhos, murmurando um “uuuh” de medo. Helena ainda dava risadinhas quando Anitra e David colocaram as bandejas na mesa. Cada um pegou sua caixinha de lanche e começou a comer. O céu perdia o tom alaranjado, já estava ficando mais escuro. As pessoas já estavam indo para o outro lado do parque, onde aconteceria a abertura do espetáculo que queríamos. A Hora do Horror. Neste ano, o tema seria “Museu de Cera” e a decoração do parque já era sinistra durante o dia.

Ouvimos a voz de algum narrador sair pelas caixas de som do parque, rouca e cansada, avisando que o espetáculo começaria em vinte minutos.

David tomou o último gole de seu refrigerante e bateu o copo na mesa.

- O Horror vai começar. – ele disse sombrio.

Nos levantamos da mesa dando gargalhadas, caminhando para o outro lado do parque.


terça-feira, 7 de setembro de 2010

TIME OF THRILLER - Prólogo



TIME OF THRILLER

O quanto uma noite em um parque de diversões pode ser divertida? Bom, até você descobrir a verdade sobre o parque. A “Hora do Horror” sempre chamou a atenção de Alex e seus amigos, o tema daquele ano era realmente interessante. "Museu de Cera". Juntaram dinheiro e lá foram eles para o parque. Alex, Jack, Anitra, Max, Helena e David esperavam encontrar diversão e terror no mesmo lugar, afinal, nada de ruim poderia acontecer.

Mal sabiam eles o quando estavam errados.



- Hello (:

Ahm, então, é o seguinte. Eu tenho trilhões de histórias para postar, então, espero que vocês não fiquem muito perdidos com isso. São todas separadas por capítulos (postar história em blog vai me obrigar a dividir minhas histórias em capítulos, porque eu odeio escrever por capítulos ¬¬), e tudo vai estar bem organizadinho pra ninguém se perder. Bem, espero que gostem.

# Thewordgirl