terça-feira, 14 de setembro de 2010

TofT - Capítulo II



18:00 - Jack

Minha vontade de cair na gargalhada era enorme. Eu sempre achei graça em toda essa baboseira de monstros, mas não era deles dançando e pulando na minha frente que eu ria, e sim das garotas assustadas.

Alex estava quase branca e eu não entendia por que. A idéia tinha sido dela, afinal. Tudo bem, Alex adorava testar seus limites, mas a ruiva nunca sabia quando parar, tanto que odiava ser desafiada. É, ela tem coragem, devo admitir. Mas vê-la tão branca quanto já era (o que deixava seus longos cabelos acaju mais vivos ainda), os olhos verdes quase lacrimejando e prestes a começar a tremer, era realmente cômico.

- Eu vos aviso, meros mortais – bradou um dos monstros, cessando a música, os outros personagens ficaram imóveis. As vestes rasgadas e sujas de cera do homem tocavam levemente o chão e se moviam de uma forma sinistra com o vento. Ele parecia um morcego, na real – Vossas vidas são delicadas demais para que vocês possam ficar despreocupados... – lentamente, os outros monstros começaram a descer do palco, até que o cara que falava ficou sozinho, sorrindo ameaçador – E nesta noite, vocês irão perceber que eu vos falo a verdade... – seus olhos brilharam em um tom avermelhado. Belo jogo de luzes – CORRAM!

Ouvimos o som de pratos de uma bateria e o parque ficou todo escuro. Meus braços foram agarrados, possivelmente por Alex e Helena, que estavam realmente geladas. Alguma coisa começou a mover-se rapidamente pela multidão que se apertava. E então ouvimos um grito estridente e luzes vermelhas foram acesas. Um boneco de cera estava pendurado por um gancho pelo pescoço na cobertura do palco, uma tinta vermelha pingava de sue corpo. E eu me senti ser empurrado pela multidão que queria correr para longe dali.

- Eles estão soltos Jack! – Alex estava desesperada, me puxava com força para acompanhar nosso grupo, mas eu não me movia, continuava olhando fixamente para o boneco pendurado – Anda, vamos correr!

Eu pisquei duas vezes para desviar meu olhar daquele corpo. Obviamente era um boneco, mesmo que não parecesse.

- Jack... – Alex choramingou, só então olhei para ela. A ruiva realmente chorava – Por favor...

Eu a peguei no colo rapidamente e comecei a correr. Agora eu tinha que encontrar o resto do pessoal, mas naquele aglomerado seria impossível. Enquanto eu corria, Alex escondia o rosto em meu pescoço e tentava parar de chorar. Eu desviei de dois monstros que entraram em meu caminho antes de entrar na loja mais próxima. Convenientemente, ou não, era uma loja de chocolates. Alex desceu do meu colo tremendo e sentou-se em um dos bancos do balcão, eu me sentei ao seu lado.

- Quer ir embora Alex? – eu lhe perguntei carinhosamente, afinal, ela parecia prestes a desmaiar.

- Não. – ela limpou as lágrimas. Eu odiava essa teimosia dela – Eu estou bem. Só me assustei um pouco...

- Um pouco? – eu arqueei uma sobrancelha.

- Esqueça. – ela revirou os olhos – Vamos encontrar os outros e tudo ficará bem.

Eu concordei com a cabeça. Uma mulher com longas vestes negras e roxas e com uma cicatriz maquiada no lado esquerdo do rosto apareceu dos fundos da loja, sorrindo convidativa.

- Desculpem a demora. Deseja alguma coisa? – ela perguntou, focada em Alex, como se eu nem estivesse ali.

- Tome um chocolate, Alex. Vou ali fora ligar para o Max. – eu me levantei, ela me segurou e me olhou temerosa.

- Não pode ligar daqui de dentro? – sua voz estava tremida.

- Desculpe Alex, celulares não pegam bem aqui no parque, menos ainda dentro de lojas... – eu acariciei seu braço para acalmá-la.

- Mas...

- São três minutos Alex, prometo. Não deixo nenhum monstro entrar, okay? – eu pisquei para ela que me soltou lamentosa.

Eu saí da loja e liguei para o Max. Aquele bossal demorou para atender.

- Alô? – ele disse, a ligação estava chiando.

- Onde vocês estão?

- Na frente daquele brinquedo de água... – cara! Era quase do outro lado do parque!

- E como foram parar aí?

- Correndo, oras... – ele riu.

- HAHA. Idiota.

- E onde você tá? Alex tá contigo?

- Sim, ela tá tomando chocolate quente para se acalmar.

- Naquela loja de chocolates perto do palco?

- É, basicamente.

- Tá, nos esperem aí então.

Ele desligou. Eu olhei ao redor, o lugar estava bem calmo. Acho que todos correram para o outro lado do parque.

Entrei novamente na loja. Havia uma xícara com algo quente dentro. Nenhuma vendedora. Nenhuma garota. Nada. Apenas o chocolate. E sobre o banco onde Alex deveria estar, seu celular. Ela NUNCA largava seu celular.

- Alex?

Ninguém me respondeu, a não ser meu fraco eco.

Eu saí para o fundo da loja, de onde a vendedora havia saído. Nada além de mais chocolate. E uma porta escancarada que dava para as ruas do parque.

Saí da loja desesperado. Liguei para Max novamente, desta vez ele atendeu rápido.

- O que foi agora? – ele perguntou entediado.

- Alex sumiu.

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