quinta-feira, 9 de setembro de 2010

TofT - Capítulo I

17:00 - Alex

Eu tentava gritar e rir ao mesmo tempo. O vento batia fortemente contra meu rosto, jogando todo o meu cabelo para trás, fazendo-o chicotear no banco do brinquedo. Minhas mãos estavam agarradas na trava de segurança do carrinho, enquanto o garoto ao meu lado tinha as mãos para o ar e gritava tanto quanto eu, um grito de adrenalina, não de desespero igual ao meu. O cabelo escuro e encaracolado agitava-se ao vento da alta velocidade, os olhos castanhos estavam completamente abertos. O carrinho diminuiu a velocidade, subindo novamente.

- Anda Alex, solte as mãos! – ele me cutucou com o ombro, eu me segurei mais na trava.

- Sem chances, Jack! – retruquei de volta, atônita.

- Pare de ser menininha... – ele resmungou e puxou minhas mãos da trava – Agora, levante-as.

- Ah, claro, e eu vou mesmo levantar minhas mãos assim... – eu levantei os braços para tirar com a cara do Jack, ele piscou para mim e naquele exato momento, o carrinho voltou a despencar.

Eu gritei e procurei desesperadamente no que me segurar. Meus braços encontraram o pescoço de Jack e se agarraram nele, o garoto novamente gritava com a adrenalina e levantava os braços, eu enfiei meu rosto sem eu pescoço, apertando meus olhos. Senti meu corpo ser jogado em todas as direções possíveis, a velocidade sempre aumentando, o carrinho tremendo sobre os trilhos da montanha russa.

E então parou. Os gritos cessaram. Eu ouvia Jack rir como se tivessem lhe contado a melhor piada do mundo. Ouvi um “clock” e senti minhas pernas se aliviarem. Todo este tempo e eu não largara o pescoço de Jack.

- Pode me soltar agora se quiser, Alex. – ele disse sarcástico.

Afastei minhas mãos dele o mais rápido que pude e saltei daquele carrinho, tremendo. Jack surgiu ao meu lado, ainda rindo, o que me irritou. Nossos amigos nossos amigos nos esperavam na saída, quando nos viram começaram a rir também. Jack deu um soco no ombro do Max, o único do grupo que não ria. Os olhos azuis do garoto estavam semi-cerrados, ele franzia a testa, o cabelo claro caía sobre os olhos.

- Eu disse que ela ficaria apavorada... – disse Jack, retomando a conversa passada, antes de entrarmos no brinquedo.

- Alex, você podia ao menos ter fingido! – ele me disse como se estivesse me dando uma bronca, antes de colocar uma nota de dez reais na mão de Jack. Eu revirei os olhos para Max.

- Apostou porque quis, idiota. – eu retruquei.

- Imaginem como ela vai ficar quando escurecer e soltarem os monstros... – Jack voltou a rir enquanto guardava o dinheiro no bolso.

- Mas ela não vai precisar temer, já que o namoradinho dela vai estar aqui para protegê-la, não é Jack? – David provocou e Jack parou de rir, tanto ele quanto eu o encaramos feio – Okay, era brincadeira, seus mau-humorados.

- Tá, já chega. – impôs Anitra, dando um pedala em David – Vamos levar a Alex para tomar alguma coisa.

Anitra passou o braço pelos meus ombros e começou a me puxar. Os outros nos seguiram. Anitra tinha os olhos extremamente azuis, os cabelos loiros, longos e lisos, era alguns meses mais velha do que eu, mas era minha melhor amiga, uma irmã.

Chegamos à praça de alimentação, estava bem menos cheia do que quando almoçamos. Sentamos em uma mesa e Anitra, Max e David foram buscar os lanches.

- Povo, nãoa guento mais andar... – reclamou Helena enquanto colocava os pés sobre a mesa.

- Helena! – Jack empurrou os pés dela para baixo, revirando os olhos – Vamos comer aqui, sabia?

- Ah, droga. Mas eles doem... – Helena fechou a cara, parecendo uma criancinha birrenta.

- É, os meus também. O parque é grande demais, tudo muito longe... – eu concordei e Helena confirmou balançando a cabeça, fazendo os cabelos castanhos dançarem em seus ombros.

- Menininhas preguiçosas... – provocou Jack, cruzando os dedos atrás da cabeça e apoiando a cadeira nas pernas traseiras.

- Eu iria rir tanto se você caísse agora...

- SE. Disse bem Alex... – naquele momento, Max voltou e puxou a cadeira dele para baixo, eu comecei a rir loucamente. Max fez um toquinho comigo e sentou-se ao meu lado. Jack levantou-se, olhando para nós com cara de “Vocês-vão-ver”.

- É... SE. – eu debochei.

- Me aguardem... – ameaçou Jack e eu arregalei os olhos, murmurando um “uuuh” de medo. Helena ainda dava risadinhas quando Anitra e David colocaram as bandejas na mesa. Cada um pegou sua caixinha de lanche e começou a comer. O céu perdia o tom alaranjado, já estava ficando mais escuro. As pessoas já estavam indo para o outro lado do parque, onde aconteceria a abertura do espetáculo que queríamos. A Hora do Horror. Neste ano, o tema seria “Museu de Cera” e a decoração do parque já era sinistra durante o dia.

Ouvimos a voz de algum narrador sair pelas caixas de som do parque, rouca e cansada, avisando que o espetáculo começaria em vinte minutos.

David tomou o último gole de seu refrigerante e bateu o copo na mesa.

- O Horror vai começar. – ele disse sombrio.

Nos levantamos da mesa dando gargalhadas, caminhando para o outro lado do parque.


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