terça-feira, 30 de novembro de 2010

PoP - Capítulo IV

“ You open your eyes
But you can't remember what for
The snow falls quietly
You just can't feel it no more ”

Olhei para a Lua. Metade dela já estava ficando escura, a outra insistia em tentar brilhar. Eu olhava para baixo, mas era tudo escuro demais, o penhasco parecia ser mais fundo do que eu achava. Estava ficando frio, eu já estava arrepiada e esfregava as palmas das mãos em meus braços para me esquentar. Joe nunca me deixava ficar com frio, nunca mesmo. Não consegui mais conter as lágrimas e chorei. Chorei como eu estava chorando há semanas. Minhas feridas se arregaçaram naquele momento, sangrando. Maldito eclipse! Maldito piano! O piano não me atormentava mais, contudo, o eclipse ainda estava ali, vivo, completamente vivo, forçando minha mente a me lembrar do que eu não queria. Mas, evitar lembrar de tudo era quase tão impossível quanto esquecer de Joe Jonas.

# CAPÍTULO 4 – Seis meses atrás

Sair com Joe estava sendo um desafio, afinal, não podíamos ser vistos, Joe dizia que era para me preservar. Mas sim, éramos... Algo como namorados, mesmo que ele nunca tenha usado essa palavra, mas éramos. Com a diferença que eu não podia sair sozinha com ele, então ou fazíamos alguma coisa na casa dele ou na minha, ou saíamos os cinco e eu e Wendy éramos apenas as melhores amigas dos Jonas Brothers.
 Naquela noite, Joe tinha saído com Nick e Wendy, para acobertar o romance dos dois, e eu fiquei em casa com Kevin e seus pais. Eu estava me divertindo, me sentia muito criança com Kevin por perto. Estávamos vendo TV e apareceu a chamada da entrevista deles daquela tarde. Kevin ficou sério de repente, o que eu estranhei. Ele tirou o controle das minhas mãos e mudou de canal.

- Acho melhor você não assistir essa, Alana. – seu tom sério estava me preocupando.
- Mas eu quero ver vocês, qual o problema?
- Nenhuma. Mas o Pernalonga vai ser mais interessante. – eu podia ver que Kevin estava mentindo, e ele nunca mentia, o que me deixou mais preocupada e curiosa.
- Tudo bem, então, que tal você ir buscar uns lanches e pipocas para nós? Estou com fome.

 Kevin, inocente como sempre, sorriu satisfeito e saiu da sala. Rapidamente, eu peguei o controle da televisão e abaixei o volume, voltando para o canal da entrevista.
 Lá estavam os três. Joe no meio, vestindo um terno bege. Parecia tão confortável. A mulher que os entrevistava tinha um ar... Estranho. Como se quisesse pregar uma peça neles. Eu me aproximei da TV para ouvir a entrevista direito.

“Então meninos, estão solteiros?” eu ouvi a mulher perguntar. Eu já sabia a resposta, a mesma que eles sempre davam. “Sim, estamos. Todos nós.” Eu não disse que sabia? “Mas eu estou procurando alguém. É ruim ficar sozinho.” Eu franzi o cenho quando ouvi a voz de Joe. Isso era algum golpe de publicidade ou o que? “Sério, Joe? E você está de olho em alguma estrela, ou prefere uma das suas amigas de infância?” Mas, que tipo de pergunta maldita era aquela? Será que estavam suspeitando de alguma coisa? “Bem, eu acho a Camille Belle muito bonita. Seria fantástico trocar umas ideias com ela.” Eu gelei. Afinal, que palhaçada era aquela? “A Camille? Oras Joe, temos uma pequena surpresa para você então. Na verdade, um desafio.” Eu olhei para a tela. Kevin estava com os punhos cerrados, Nick mordia o canto inferior dos lábios e fuzilava Joe com o olhar. Mas Joe estava completamente relaxado, parecia nem se importar com o desconforto dos irmãos. “Tudo bem, o que quiserem.” Ele apoiou as mãos na nuca e reclinou-se na poltrona, completamente confortável.
 E então ela apareceu no estúdio. Camille Belle. Um vestido verde musgo que mal tapava a bunda e um decote que quase chegava ao umbigo entrou em cena, acenando para o público, sorridente. Joe continuava calmo, Nick e Kevin mais desconfortáveis a cada momento. Camille caminhou até o meu namorado e lhe deu um beijo no rosto. Contudo, detalhe: quando eu digo rosto, quero dizer perto dos lábios. Dos meus lábios. Joe sorriu de uma forma marota e a cumprimentou também. “Seja bem vinda, Camille. Bem Joe, o desafio então é o seguinte: dar um beijo de três minutos em Camille.” Ai sim eu fiquei mais gelada, comecei a tremer. Ele não iria aceitar, era óbvio que não iria fazer isso, ainda mais em rede nacional. “Só isso? Pensei que fosse algo mais difícil” E ele levantou-se e agarrou a garota, beijando-a. Eu dei um soco na televisão quando percebi o que estava acontecendo. Claro, era por isso que Joe estava diferente comigo. Era por isso que ele não me chamou para ir com Nick e Wendy. Por isso ele não tinha me beijado direito naquele dia. Eu continuei socando a televisão e segurei meus gritos, contudo, segurar as lágrimas era impossível. Quando me senti dois fortes braços me abraçarem e me puxarem para longe da TV. Escondi o rosto no peito de Kevin e continuei chorando, soluçando. Ele murmurava alguma coisa que eu não conseguia entender, acariciava meus cabelos e beijava minha testa. Eu me sentia uma criança sendo acalmada pelos pais.

- Alana, eu te pedi para não assistir... – ele me lembrou, eu mordi meu lábio e voltei a chorar.
- Eu sei, eu... – eu solucei – Desculpe, Kev... Eu... Ele... – eu senti a raiva aflorar em mim e apertei minhas unhas nos braços do garoto, inconscientemente, claro. – Eu o odeio!

 Kevin havia ficado assustado, eu sabia disso. Mas essa era a verdade. Joe não me assumia publicamente, mas beijar uma garota que ele mal conhecia, isso ele podia? Eu queria feri-lo, igual como ele havia feito comigo. Algo interno, que tocasse aquele coração de pedra dele. Ele dizia que me amava, mas nunca havia dado nenhuma prova disso. Estava claro que Joe não sabia o que era amor. Alguém precisava ensinar isso a ele. E quem melhor do que eu para isso? Mas obviamente, eu jamais iria ensiná-lo da forma doce. Seria dolorido.
 Eu fitei os olhos de Kevin, mesmo que eu não enxergasse muita coisa por conta das lágrimas, mas os olhos verdes de meu ex-cunhado eram mais bonitos do que eu sabia. Eu levei minhas mãos ao seu pescoço e o puxei para mais perto de mim, levando meus lábios aos dele. Beijar Kevin jamais seria a mesma coisa que beijar Joe. Por mais que eu o amasse, não era o mesmo tipo de amor. Eram distintos, e muito distintos. Mas se isso fosse ferir Joe, eu estava disposta.

Ouvi a porta da sala abrir-se, mas não parei o beijo. Eu sabia quem estava chegando e queria que ele visse aquela cena, da mesma forma que eu e todo o mundo vimos o beijo dele. Só quando a porta fechou-se novamente foi que eu parei o beijo, de uma forma lenta e bem dolorosa. Eu virei o rosto vagarosamente para a porta, sorrindo. Três rostos nos encaravam perplexos. Nick e Wendy tinham o queixo caído. Joe tinha a expressão fechada, raivosa, como se dissesse “Não mato vocês porque não posso.”.

- O que. – ele pausou e respirou fundo – Foi isso?

Kevin negou com a cabeça, os olhos arregalados de surpresa. Eu me levantei do chão, tentando ao máximo manter a calma, não tremer, não gritar, não chorar. Eu caminhei até Joe e o fitei. Minha vontade era de estrangulá-lo, mas seria muito fácil e rápido. Eu queria que doesse, que doesse demais.

- Acabou. – eu disse, a voz o mais calmo que eu conseguia – Não tenho motivos para amar você. Você não é nada, não é ninguém. – eu comecei a balançar a cabeça lentamente de forma negativa, tentando enfatizar minhas palavras com esse gesto - Pensa que tem todo o mundo aos seus pés quando bem desejar, que pode fazer o que achar certo, sem se importar se isso irá machucar alguém. – eu sorri em deboche – Eu tenho uma surpresa, Joseph. Você é insignificante. O mundo não te idolatra como você pensa. Eu não te idolatro como você pensa. E eu não quero mais você.

Eu não colocava minha mão no fogo, mas tinha quase certeza que nenhuma garota tinha dito a frase “Eu não quero mais você” para Joe. Era fácil de deduzir isso pela expressão de choque que ele fez. Eu passei por ele, por Nick e pela Wendy sem dizer mais nada. Abri a porta e olhei para trás, para Kevin. Dizer aquilo iria me machucar, mas era necessário.

- Me ligue quando puder, Kev. – e só então eu deixei a casa.

Eu caminhei com passos leves até a esquina, mas assim que eu mudei de rua comecei a correr para casa. Correr realmente rápido, sem olhar para nada, para ninguém. Pouco me importava os carros, as pessoas, os postes. Eu queria meu quarto, minha cama. Não queria pensar em como Joe poderia estar, não era o certo agora. Mas, em meio a tantas coisas, eu conseguia ter apenas um pensamento. “Talvez um coração partido seja bom para ele. Irá lembrá-lo que tem um, mesmo que não bata.”

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