terça-feira, 30 de novembro de 2010

PoP - Capítulo VI

“ I don't know how long
I can hold you so strong
I don't know how long

Just take my hand
I'll gave you the chance
Don't jump ”

E lá estava minha lembrança preferida e a que eu mais odiava. A que mais me machucava. E lá estava o eclipse, ainda não estava completo, mas estava quase. Eu sabia, faltava apenas mais uma lembrança. A que havia me matado por dentro. Me dilacerado, roubado toda a minha vontade de viver. Era a mais recente, e a mais perturbadora. Eu sabia que um coração machucado faria bem para Joseph, mas não sabia até que ponto seria saudável machucar seu coração. Eu me levantei e apenas esperei que ela chegasse. Eu não lutava mais contra elas. Era completamente inútil. Assim como o eclipse, eu não podia impedi-las, apenas deixar que acontecessem e assisti-las novamente.

# CAPÍTULO 6 – Quatro meses atrás/ Duas semanas atrás

 Acordei no dia seguinte com Joe respirando em minha nuca. Eu sabia que ele tinha o sono mais pesado do mundo, demoraria para acordar, e mesmo que eu derrubasse a casa, ele continuaria dormindo.
 O sentimento de culpa era quase tão forte quando o de querer repetir a transa com Joe. Se eu os colocasse em uma balança, ela ficaria perfeitamente equilibrada. Mas eu não tinha tempo para pensar se sentia culpa ou se acordava Joe para fazermos mais uma vez. Eu tinha que juntar minhas coisas.
 Levantei-me da cama e cacei minhas roupas pelo quarto, vestindo-as apressadamente e tentando fazer o mínimo de barulho possível. Depois de vestida, procurei por uma caneta e um papel, mas encontrar alguma coisa naquele quarto era impossível e eu não tinha tempo. Por sorte, eu tinha um batom em meu bolso (e incrivelmente, ele ainda estava lá). Me aproximei do espelho do quarto dos garotos e escrevi minha mensagem.

“Desculpe Kevin. Não devia ter feito isso.
Desculpe Joe, mas estou cumprindo minha promessa.
Amo vocês.
Alana”

 Deixei o batom vermelho no criado mudo do quarto e a chave da casa deles também, saindo dali o mais silenciosamente que eu conseguia. Me esforçando para não olhar para trás e ceder à tentação de voltar para a cama de Joseph.

 Corri para casa, meus pais também estavam viajando. Juntei tudo o que pude em uma mala e peguei as economias de casa. Teria que ser rápida antes que Joe acordasse e viesse me procurar. Parei o primeiro táxi que vi na rua e mandei ele me levar até o aeroporto. Não deixei bilhetes em casa, não haveria necessidade. Comprei uma passagem só de ida para o Texas e aguardei me chamarem para embarcar no avião. Quando o fizeram, eu tirei meu celular do bolso e o atirei na primeira lata de lixo que encontrei. Embarquei no avião e nunca mais olhei para trás. Sabia que tio Johnny e tia Sam me receberiam bem e aceitariam que eu morasse com eles. Jane também ficaria feliz em me ver.
 Se eu estava fazendo o certo ou não, isso eu não queria saber. Mas senti que era melhor para todos os três que eu simplesmente sumisse da vida dos Jonas. Já havia causado estragos o suficiente para toda uma vida.

--

 Há duas semanas, enquanto eu e Jane arrumávamos a sala e ouvíamos a televisão, a chamada para uma notícia sobre os Jonas Brothers fez com que eu parasse com tudo para assistir. Somente assim eu sabia o que acontecia com meus garotos, se estavam bem, onde estavam. Eu pedi para que meus pais não contassem onde eu estava, nem se eles pagassem, e eu confiava neles o suficiente para me sentir segura no Texas. Mas fazia muito tempo que eu não ouvia notícia deles na televisão, e eu me limitava a não procura-las na internet. Se fosse algo importante, sairia na TV.
 Apareceu uma foto de Joe na tela, ele havia cortado um pouco o cabelo. Estava bonito, mas parecia um ato de rebelião. Mas foi a manchete que me assustou.
 Em letras grandes e amarelas estava escrito tudo o que eu não queria ler. “Joe Jonas se suicida.”.

- Não. – foi tudo o que eu consegui dizer. Eu me sentei no sofá, paralisada, Jane colocou a mão sobre meu ombro. Eu aumentei o volume.

“New York amanheceu com uma agitação caótica. A banda Jonas Brothers estavam na cidade para iniciar uma nova turnê mundial, mas nesta manhã, algo trágico pôs fim na felicidade de inúmeros fãs e da família Jonas.”

 Então apareceu um vídeo amador. Havia alguém em pé no parapeito de um apartamento. Lá embaixo, no chão, inúmeras pessoas se aglomeravam aos berros, segurando placas escritas “I ♥ Jonas” ou trechos de suas músicas. A pessoa que filmava aproximou a câmera de quem iria pular, e instantaneamente eu vi que era Joe. Ele chorava, desesperadamente, e gritava alguma coisa que eu não conseguia ouvir, mas podia ler em seus lábios. E foi isso que me matou. “Alana! Volte! Estou indo ao seu encontro!”. E ele pulou. E o cinegrafista cortou assim que ele saltou.
 As lágrimas me afogaram e eu só conseguia negar com a cabeça. Não podia ser verdade. Eu não podia ter feito isso. Ele não podia ter se jogado por minha causa. A jornalista voltou a falar.

“Joe Jonas estava sozinho em seu apartamento, seus irmãos não puderam impedir. E New York começou seu dia com uma grande perda. Nossos pêsames para todos os fãs e para a família Jonas. O corpo de Joe será velado ainda hoje na mansão dos Jonas, será aberto para todos os fãs. E eu gostaria de pedir um minuto de silêncio para este rapaz que fez tanto quando vivo.”.

Eu continuava negando com a cabeça, me afogando nas lágrimas, soluçando. Era minha culpa. Joe estava morto e era minha culpa. Eu levantei e corri para fora, gritando desesperadamente, jogando-me de joelhos no gramado, arrancando meus cabelos. De todas as dores que Joe já havia feito com que eu sentisse, nada superaria aquela, porque desta vez, eu sabia que ele não viria com seu piano para me curar e dizer que tudo estava bem.

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