quinta-feira, 25 de novembro de 2010

PoP - Capítulo II

“ The eyes of the city
Are counting the tears falling down
Each one a promise of everything
You never found ”

Eu não poderia ficar por muito mais tempo ali. As lembranças já estavam me invadindo, me deixando tão enjoada quanto a música lenta que começava a tocar. E o que me deixava mais enjoada ainda? Era som de piano. Tão leve quanto quando ele tocava para mim. Suave aos meus ouvidos, mas marteladas violentas em meu peito. Joe sempre tocava piano quando brigávamos. Mesmo que fosse Nick o melhor pianista, Joe tinha algo que fazia meu estomago colar nas costas quando eu o ouvia tocar. E era desta forma que nossas brigas eram resolvidas.
E era o mesmo som de piano que me deixava enjoada. Eu precisava fugir daquilo. Eu saltei a muretinha da varanda e senti a grama fofa debaixo de minhas sandálias. Eu tentei correr para longe daquela casa, longe daquele som, mas, mesmo que eu ficasse longe o suficiente, eu continuaria ouvindo-o, e agora não era mais o som do piano daquela música. Era Joseph tocando.
Eu parei de correr e apoiei as mãos em meus joelhos, o vestido começando a ficar pesado. Só então eu fiz uma pequena ligação idiota com o vestido que eu usava agora e um que usei há alguns anos atrás. Quando todo o tormento começou.

# CAPÍTULO 2 – Cinco anos atrás

O som das risadas entupia meus ouvidos. O garoto ao meu lado gargalhava alto, os cabelos molhados grudados na testa, as maçãs do rosto levemente coradas pelas risadas. Seus irmãos estavam em um estado igual e a garota a minha frente parecia prestes à vomitar.

- Eu te disse para não comer aquele hambúrguer, Wendy! – o garoto ao eu lado, Joe, retomou a conversa da hora do lanche.
- Joseph... – a loira soluçou – Não começa, okay? – e ela soluçou novamente.
- Kevin, aposto cinco dólares que ela vai vomitar. – Joe cutucou seu irmão mais velho, que balançou a cabeça negativamente.
- A Wen é durona, ela aguenta. – ele a defendeu, dando tapinhas nas costas de Wendy.

Eu abri a boca para falar com Wendy, mas nosso barquinho despencou rio abaixo com tamanha velocidade que eu segurei firmemente nas orelhas do Mickey. E as risadas recomeçaram, exceto Wendy e Nicholas, já que a garota escondia o rosto no peito do namorado e este tinha uma expressão preocupada no rosto.
 O barquinho-Mickey chocou-se com um trajeto plano de novo, jogando água para cima e nos deixando mais encharcados ainda. A velocidade do barquinho estava diminuindo e finalmente chegamos ao final do trajeto. Descemos do barquinho, Wendy ainda apoiada em Nick, o rosto menos verde que antes. Joe estava eufórico pelo passeio no brinquedo e torcia a barra da camisa para tirar a água, assim como todos nós.

- Agora podemos ir naquela montanha russa do Gênio... E depois no Safári do Rei Leão... – ele dizia mais animado do que uma criança.
- Claro, podemos ir a todos – concordava Kevin com a cabeça – Mas primeiro, pague meus cinco dólares.

Ele estava certo, o passeio havia acabado e Wendy não vomitara. Joe arregalou os olhos surpreso, como se não soubesse do que o irmão falava.

- E eu por quê?
- Joe, você apostou que Wen iria vomitar. – intercedeu Nick, abraçando a garota pelos ombros, que olhava Joe com ar de deboche – E ela não colocou nem uma gota só para fora. – Nick até tentava esconder, mas havia um tom de orgulho em sua voz.

Falando em orgulho, Joseph Adam Jonas era o orgulho em pessoa. Eu duvidava que ele iria pagar Kevin, era o mesmo que admitir que ele estava errado. E eu o conhecia a tempo o suficiente (tipo, doze anos, sabe?) para ter certeza que Joe nunca assumia estar errado. E agora não seria diferente. Mas o orgulho de Nick era diferente, era orgulho de outra pessoa. Com Joe nunca foi assim. Sempre ele, ele e apenas ele.

- Vamos Joe. Pague o Kev e vamos continuar o passeio. – eu o apressei, impaciente.
- Exatamente. Continuar nosso passeio. Ainda não terminamos. E eu não disse que Wendy iria vomitar especificamente naquele brinquedo. Apenas disse que ela iria vomitar. E como ainda não fomos para o hotel, então eu não perdi. – ele dizia em tom pomposo, o que me irritava profundamente. Todos nós giramos os olhos, e Joe sorriu vitorioso. Ele já sabia que sempre que fazíamos isso, significava que havíamos desistido de discutir. – Agora vamos logo, não quero pegar fila.

Nisso ele estava certo, a Disney ficava cheia no Ano Novo, então tínhamos que correr para não pegar uma fila monstruosa.
Quase vinte minutos depois de entrarmos naquela fila, já era nossa vez. O trem da montanha russa era dividido em seis carrinhos azuis, o primeiro tinha o rosto do Gênio do Aladdin e o último era mais alongado, como se fosse aquela “cauda” dele, cada carrinho tinha cinco lugares, dois na frente e três atrás, o que dava ao carrinho uma forma levemente triangular. Sentei com Kevin nos dois lugares da frente do primeiro carrinho (de tanto Joe insistir para que pegássemos a cabeça do Gênio) e Nick, Wen e Joe se acomodaram nos bancos de trás, Wen no meio dos dois garotos.

- Isso não vai acabar bem... – Kevin murmurou para mim.
- Eu tenho essa impressão também.

E então, com um solavanco, o trem começou a mover-se, subindo logo em seguida. Quanto mais alto ficávamos, mais eu conseguia ver do parque. Eu podia ver claramente o Castelo da Cinderela, o Safári do Rei Leão, o Port Royal de Piratas do Caribe e quando eu estava quase identificando o que parecia ser a Terra do Nunca, o carrinho despencou e eu gritei desesperadamente, seguida por todos do brinquedo, como uma “onda”. Kevin mantinha os braços levantados, enquanto eu me agarrava à trava de segurança. O trem descia rápido por uma espécie de saca-rolhas, rodando, rodando e rodando, até atingir o trilho plano novamente e subir mais uma vez.

- Anda Wen, solte os braços. – Joe disse entre gargalhadas.
- Deixa ela em paz, Joe.
- Fica quieto, Nick. Seu braço tá quase sangrando de tanto ela te apertar.
- E daí? Não tá doendo.
- Sei, o Nick nunca sente dor, não é mesmo? – Joe debochou.
- Chega Joe. Não vou bancar a idiota e levantar os braços assim só por...

E despencamos novamente, o grito de Wendy mais alto desta vez, assim como as gargalhadas de Joe e o urro de dor de Nick, eu nem precisava olhar para trás, pois sabia que Joe tinha enganado a loira.
 Passamos pelo looping e eu vi um flash forte. Ninguém havia me avisado que tinha câmera no brinquedo, mas eu iria querer aquela foto.
 O brinquedo diminuiu a velocidade e parou na estação novamente, finalizando o percurso. Wen foi a primeira a descer de nosso carrinho, passando por cima de Joe e sentando-se ao lado da catraca, o rosto completamente pálido, parecia até tremer. Nick foi ao encontro dela, a cara emburrada para o irmão e o braço esquerdo marcado por quatro vergões enormes. Eu dei um soco no braço de Joe.

- AI! Que foi agora Alana? – ele reclamava enquanto massageava o braço.
- Você, seu tapado. – eu revirei os olhos e o soquei novamente, ele se encolheu – Sai do pé da Wendy, que saco!
- Mas eu não fiz nada agora.
- Mentiroso! – eu o cutuquei no peito – Você sabe muito bem que a Wen vomita quando fica muito assustada e com certeza, passar em um looping com os braços levantados iria assustá-la.
- Você quem está dizendo isso. – ele segurou minha mão, um sorriso de culpa contido no canto dos lábios – Não eu. Eu só queria que ela sentisse mais adrenalina.
- Quando eu quiser mais adrenalina – Wendy disse, a voz meio fraca, mas irritada, ainda sentada no chão, abraçando as pernas com a cabeça entre os joelhos. – Eu faço questão de te avisar. Caso contrário, não se intrometa!

Joe voltou a rir. Nick ajudou Wendy a levantar-se, olhando feio para o irmão. Eu revirei os olhos para Joe e comecei a caminhar com Nick e Wen, Kevin e o Joebabaca nos seguindo. Já estava quase anoitecendo e a festa de virada de ano logo iria começar. Voltamos para o hotel, os garotos entraram em um quarto antes de nós. Eu conhecia os Jonas há doze anos, mas meus pais nunca teriam me deixado fazer essa viagem se dividíssemos quarto com eles. Como o hotel era o Castelo da Cinderela, nosso quarto tinha toda aquela decoração monárquica, o dourado e o vermelho predominavam, do dossel das duas camas descia um véu prata, leve, igual a cama de uma princesa, cheia de almofadas e edredons vermelhos e aveludados. O quarto tinha um formato oval, de frente  para as camas, ficava uma pequena lareira (que já estava acesa) e na outra extremidade do quarto ficavam duas grandes janelas largas e altas, o beiral pintado de branco, cortinas, tão leves quanto o véu das camas e pratas igual, desciam do teto ao chão e estavam abertas, amarradas com fitas de cetim vermelhas. Com certeza, o lugar era um sonho.
 A festa de virada de ano era a fantasia. Qual era a temática? Personagens Disney, claro. Wendy iria fantasiada de Sininho (ironia com seu nome) e Nick, claro, iria de Peter Pan. Eu iria de Bela, minha personagem preferida desde a infância, A Bela e a Fera era um marco para mim.

 Wendy já estava em seu vestidinho verde que tocava quase dois palmos acima de seus joelhos, o que deixava boa parte das pernas da garota aparecendo (e eu tinha que assumir, minha amiga tinha pernas realmente bonitas), um sapatinho verde estilo boneca nos pés. Os cabelos metade presos em um coque e metade soltos, ela nunca prendia o cabelo todo. Ela me ajudava a fechar o vestido, eram tantos botões em minhas costas que eu me perdia. Ela fechou o último botão e eu a ajudei a encaixar as asas de sua fantasia. Calcei minhas sandálias douradas e me olhei no espelho. O vestido era uma réplica quase perfeita do original, com a diferença que o meu não parecia desenhado. Meus cabelos estavam presos em um coque bagunçado, uma mecha de cabelo caía em cada lado de meu rosto fazendo um cachinho. Meus olhos se destacavam pela maquiagem escura.

- Bem, eu acho que estamos p... – Wendy foi interrompida por três batidinhas rápidas na porta – Entre.

E Nick entrou. Usava uma bela fantasia de Peter Pan, até o chapeuzinho com a pena vermelha ele usava. Estava tão lindo que se não fosse o namorado da minha irmã de consideração, eu iria cantá-lo muito naquela noite. Ele sorriu de uma forma muito Peter quando viu Wendy.

- Eu vim ver se estavam prontas... – ele sorriu novamente – Pelo visto...

Wendy riu alto e abraçou o garoto. Eu tinha certeza que eles iriam começar com a melosidade de “Você está linda!; Não, você quem está!; beijobeijobeijo” e eu não queria ser a vela. Disfarçadamente eu saí do quarto e entrei no dos garotos sem nem bater, se Nick estava pronto, os outros também estavam. O quarto deles não era diferente do nosso, exceto pela bagunça dobrada, como caixas de lanches do McDonald’s e roupas largadas ou penduradas em lugares que eu achava impossível, tipo o lustre.
Kevin estava sentado em uma poltrona vermelha perto da lareira. Sua fantasia era a melhor. Ele estava fantasiado de leão, a coisa mais fofa do mundo.

- Hey Bela, não bate mais?
- Desculpe, não sabia que o Rei Mufasa estava na sala. – eu fiz uma reverência e ele riu.
- Alguém acertou sua fantasia, Kevin? – Joe gritou do banheiro.
- Ao menos eu sei o que usar e já estou pronto. – ele revidou, revirando os olhos e arrumando o nariz de gato no rosto.
- Espera, como assim? Ele não tá pronto ainda?
- Não, A moça ali não sabe o que usar. – Kevin apontava para o banheiro.
- Eu ouvi isso. – Joe resmungou.
- Mas ele não comprou uma só fantasia?
- O Joe? Até parece que você não o conhece, Alana. – Kevin revirou os olhos – Foram três fantasias, e agora ele não sabe qual colocar.
- AAAAH Joseph!

Eu caminhei até o banheiro e abri a porta, novamente sem bater.
Joe usava uma boxer preta. Detalhe: apenas a boxer. Eu via claramente cada músculo definido de seu tórax e de seus braços. Por alguns segundos, eu senti meu queixo cair, mas depois comecei a rir da cena: Joe tentava se esconder atrás das roupas e se enfiar dentro do box escuro do banheiro ao mesmo tempo.

- Existe uma coisa chamada “bater”, sabia? – ele reclamava, as bochechas muito vermelhas, e Joe Jonas nunca ficava vermelho.
- Own, ele tá vermelhinho. – eu ironizei, mas que era fofo vê-lo vermelho, isso é verdade.
- Cala a boca Alana! – ele jogou as roupas para mim e enrolou uma toalha na cintura.
- E quais são as fantasias? – eu olhei para as roupas em meus braços tentando identificar alguma – Mickey... Jack Sparrow? – eu disse quando vi o chapéu inconfundível – E... Qual é essa?
- Aladdin. – ele disse, chegando mais perto de mim. Eu quase perdi o fôlego quando o olhei, mas desviei a atenção para outro lugar. Ele pegou a roupa de Aladdin – Que aliás, é o que vou usar.
- A de Jack Sparrow é mais legal. – eu disse enquanto colocava o chapéu de pirata.
- É, mas perto do Peter Pan e da Sininho vou ficar parecendo com o Gancho, só que sem o ganho.
- Tá, e a de Mickey?
- Estamos na Disney. Metade do parque vai vestido de Mickey, não quero ser mais um.

Eu revirei os olhos e deixei as roupas em cima da pia, tirei o chapéu de pirata e coloquei nele, lhe dando as costas em seguida.

- Mas o chapéu tá bonito. – eu disse entre risinhos baixos, antes de sair pela porta.
- Alana. – eu voltei quando ouvi ele me chamar – Aliás, tá muito bonita. – e ele piscou, o que me deixou muito vermelha – Own, ela tá vermelhinha. – ele me imitou, eu revirei os olhos com raiva e voltei para o quarto, deixando o garoto rindo como bobo.

Eu me sentei em uma das camas, Kevin tinha saído do quarto. E eu fiquei esperando a donzela do Joe terminar de se arrumar. Quase meia hora depois, enquanto eu estava mergulhada em meus pensamentos, Joe reapareceu.
A fantasia de Aladdin havia lhe caído bem. As calças brancas e bufantes, os pés descalços, o colete azul aberto sobre o peito e o chapeuzinho meio vermelho, meio roxo, haviam transformado Joe Jonas em um perfeito Aladdin. Joe tinha a pele clara, mas agora ele estava bronzeado de sol, seu cabelo estava grande, tudo contribuía para que ele ficasse idêntico ao personagem do desenho. Aliás, já mencionei que, quando criança, eu tinha uma grande queda pelo Aladdin? Tá, era pelo Eric da Pequena Sereia, mas, desconsiderem.

- Hey? Alana? Alanaaa... – ele cantarolava e estava os dedos na frente do meu rosto, eu sacudi a cabeça como se acordasse, e só então percebi como ele estava perto – Estou tão gato assim que te deixei sem ação? – ele sorriu convencido.
- Na verdade... – eu dei dois passos para trás, disfarçadamente – Eu estava me perguntando se você é gay.

O sorriso dele sumiu como se eu tivesse jogado um balde d’água fria nele, o garoto revirou os olhos e cruzou os braços (o que os deixavam maiores ainda) e me olhando novamente.

- Por que, Alana? – ele perguntou em tom tedioso.
- Você demora mais do que uma garota para se arrumar. – eu apontei para o relógio e para ele – Só pode ser gay.

Com três passos rápidos, Joe se aproximou de mim, me segurando pela cintura. Ele aproximou seu rosto do meu, eu estava completamente paralisada, a única coisa que eu consegui fazer foi fechar meus olhos quando senti os lábios quentes, macios e úmidos de Joe pousarem suavemente sobre os meus. E então ele me beijou, e para minha surpresa, eu retribuía desesperadamente ao beijo. Ele apertou minha cintura de uma forma que me fez arrepiar por inteira. E, tão subitamente quanto começou, acabou.

Eu levei alguns segundos para cair em minha realidade novamente. Joe me olhava com triunfo, ainda segurando minha cintura. Era uma cena engraçada e eu não queria imaginá-la, Aladdin beijando Bela. Isso acabaria com minha infância. Mas ali, naquele momento, Bela e Aladdin faziam total sentido para mim.

- Espero que isso tenha tirado a ideia de gay da sua cabeça. – ele piscou para mim e me deu as costas.

E eu fiquei ali, parada no quarto por um bom tempo. Algumas coisas não faziam sentido algum, como eu corresponder ao beijo daquela forma, ou me arrepiar ao seu toque. Por fim, eu deixei o quarto e desci para o salão do Castelo. Estava tão anestesiada que não percebia direito as coisas, esbarrava nas pessoas e não ouvia a música direito. Só posso dizer que a decoração era branca e prata, mas não posso dizer como ela estava disposta.
Incrivelmente, encontrei Mufasa sentado em uma das mesinhas. Quando ele me viu, puxou a cadeira ao seu lado para mim.

- Achei que algum Fera tinha aparecido e te raptado! – ele disse entre risos e eu comecei a rir também, a me desligar do que tinha acontecido. Kevin tinha esse incrível poder sobre mim.
- E o que eu perdi?
- Pan e Sino estão dançando há quase meia hora, o nível de melosidade o mais alto que você conseguir imaginar. Eu estava guardando nossa mesa. O bolo de chocolate branco é fenomenal. E Aladdin encontrou uma Jasmine e sumiu com ela. – Kevin fez seu relatório aos risos. – Ah, e ele não me pagou.
- Ele nunca vai pagar, sabe disso. – eu balencei a cabeça negativamente, quando me dei conta da última coisa que ele tinha falado.

Joe me dá o melhor beijo da minha vida, me deixa sem reação e depois acaba no baile com outra? Aliás, por que isso me incomodava tanto?

- Hey Alana. Quer dançar?

Eu olhei para Kevin, o garoto estava um tanto vermelho, o que o deixava mais fofo ainda naquela fantasia de leão.

- Own Kev. Claro! – ele sorriu realizado, me ofereceu o braço e me levou até a pista de dança.

Kevin dançava bem e me distraía, me divertia, mas nem Kevin, com seu poder todo especial, conseguia me colocar em órbita novamente. Pelos cantos dos olhos eu procurava um certo Aladdin, e por dentro, eu me faria sempre a mesma pergunta.
O grande relógio do salão deu doze badaladas, todos na festa começaram a gritar, pular e se abraçar. Kevin, sorridente como sempre, me abraçou e me rodopiou.

- Feliz Ano Novo, Alana. – ele me desejou, a voz perto do meu ouvido.

E como mágica, tudo se clareou. O beijo. O toque. A sensação. O ciúme. Eu havia cometido o maior erro de toda a minha vida. Havia me apaixonado por Joseph Adam Jonas. Meu melhor amigo. O cara mais egocêntrico e orgulhoso do mundo. Eu estava ferrada!


- É, eu vou precisar. – eu murmurei para Kevin, sentindo que todo o meu ano seguinte iria precisar ser ajustado.

domingo, 21 de novembro de 2010

PoP - Capítulo I


“ On top of the roof
The air is so cold and so calm
I say your name in silence
You don't want to hear it right now ”


A música calma do salão me deixava tonta. Eu me sentia hipócrita por estar em uma festa justo agora. Mas minha dor era tão forte que eu precisava fazer algo para que ela se fosse. Eu só não imaginava que uma festa iria me machucar ainda mais. A decoração era simplesmente linda, acredito que toda decoração de baile de máscara era assim. Faixas douradas e prateadas pendiam das paredes, vasos com rosas brancas se espalhavam pelas mesinhas circulares do salão oval, as luzes coloridas passavam pelo meu corpo, como se implorassem para que eu dança-se. Mas eu não iria dançar, eu não tinha o que festejar, Joseph não estava ali comigo, não havia mais ninguém para me acompanhar naquela dança. Diferente de mim, todas as garotas daquele baile pareciam ter um par. Eu não conseguia reconhecer os rostos direito, afinal, era um baile de máscaras. Tudo o que eu conseguia ver eram máscaras. A minha vida inteira eu apenas vi máscaras. Máscaras de mentiras, de orgulho, máscaras de proteção, mas todas não passavam de máscaras. E, ironicamente, eu estava em um baile de máscaras. Não sei como ainda conseguia ficar ali, não ver o verdadeiro rosto das pessoas era algo que eu não suportava mais.

- Alana. – nem precisei me virar para saber que era minha prima, Jane, me chamando novamente. – Ou você se levanta e vai dançar, ou eu...
- Ou o que, Jane? – eu me virei para ela, a máscara roxa cobria parte de seu rosto – Não tenho nada que você possa tirar de mim e você não tem nada para me dar.

Jane me olhou como me olhava há dias. Com pena. E eu detestava aquilo. A ruiva levantou a máscara e eu pude ver seu rosto. As bochechas marcadas de sardas, os olhos verdes eram mais visíveis agora, apesar da forte maquiagem escura que ela usava, o nariz empinado coberto de glitter. Ela fez um biquinho de lado, eu tirei minha máscara, aquilo estava começando a me irritar.

- Lana... – ela me disse em um tom amigável, como se estivesse falando com uma criança, e eu detestava isso também – Você precisa aceitar prima. – eu neguei com a cabeça, os olhos começando a ficar marejados – Sim Alana, você precisa sim. – ela colocou uma mão sobre meu ombro, como um gesto de consolo – Precisa aceitar que acabou. Ele não vai vol...
- Eu sei Jane! Não precisa repetir, tá legal? – eu desviei meu ombro da mão dela e lhe dei as costas. Eu conhecia minha prima, sabia que ela não viria atrás de mim.

Senti duas lágrimas rolarem pelo meu rosto, eu estava chorando novamente, pela terceira vez naquele dia. Saí para a varanda do salão, um vento frio soprou em meu rosto, mas claro, eu o senti parcialmente, como todas as sensações. Quente, frio, líquido, sólido. Para mim, era tudo a mesma coisa. Nem sempre foi assim, apenas de uma semana pra cá.
Eu me debrucei na mureta da varanda, olhando a paisagem. Estava escuro e a luz da Lua cheia estava fraca naquela noite, talvez porque haveria um eclipse mais tarde e era esse o motivo do baile. Claro, para mim, um eclipse significava muito mais, muito mais mesmo. Eu afastei todas as lembranças de mim naquele momento, eu teria que prosseguir sem Joseph, mas confesso, eu não estava obtendo muito sucesso, afinal, por mais que eu tentasse empurrar, jogar, atirar ou apagar todas as lembranças que ele havia me deixado, acreditem, eu não estava obtendo sucesso algum.


# CAPÍTULO 1 – Dezesseis anos atrás

Eu tinha apenas cinco anos e era meu primeiro dia de aula. Nunca é fácil para uma criancinha encarar a escola pela primeira vez, ainda mais quando praticamente todas as crianças ao seu redor pareciam apavoradas. Eu apertava fortemente a mão da minha mãe e tentava me esconder atrás de meu cabelo preto. Eu tinha sorte dele estar bem longo, assim ele cobria quase metade do meu rosto. Os portões foram abertos e minha mãe começou a caminhar para dentro da escola, sorrindo confiante para mim, só por isso eu não estava chorando também, mas que eu estava completamente assustada, isso era verdade.
Ela parou de andar quando chegamos a ultima sala de um corredor todo colorido. A porta tinha um tom de azul bebê e por trás das pernas da minha mãe eu espiava dentro da sala. Ao menos tentava, porque a mulher de frente para minha mãe não me deixava ver muita coisa além de suas calças de moletom avermelhadas. A mulher agachou-se, ficando da minha altura, um sorriso completamente branco brilhava em seus lábios, os olhos negros e meio puxadinhos pareciam sorrir também, seu cabelo era completamente escorrido e os lábios tinham um tom rosado igual aos da minha mãe.

- Olá pequena. – ela me disse, sorrindo ainda mais – Você vai ficar comigo hoje? – eu neguei com a cabeça para ela, mordendo meu dedo e me escondendo mais ainda atrás da mamãe.
- Que coisa feia, Alana. – mamãe me pegou no colo quando eu comecei a pedir por colo, estava realmente assustada, mas ainda não chorava – Você me disse que ia ficar, lembra?
- Mamãe, ela é má. – eu cochichei para minha mãe, me agarrando ao seu pescoço e desesperada para ir embora dali.
- Por que diz isso? – minha mãe tentava não rir, e a professora também.
- Porque todas as criancinhas tão chorando. E ela vai nos comer. – eu dizia com tanta certeza que qualquer um poderia acreditar.

Minha mãe revirou os olhos e a professora segurou uma risada. Outra mãe chegou ali, segurando um garotinho de cabelos negros e encaracolados e outro com cabelos cortados num “tigelinha” horrível. Eu podia sentir que este garoto estava com tanto medo quanto eu, mas mantinha o nariz empinado e sorria de uma forma engraçada. Eu, que ainda estava no colo da minha mãe, debruçada em seu ombro, acenei de leve para ele, que sorriu e cutucou a mãe.

- Mamãe, por que aquela menina tá com medo? – ele perguntou, em alto e bom tom, sabe, voz de criança é bem alta mesmo.
- Shh, Joe. Que coisa feia. – a mãe o repreendeu, mas em voz baixa, apenas nós a ouvimos. O outo garoto (que devia ser seu irmão) ficou corado.
- Mas mamãe, ela tá sim. – ele continuava afirmando, a voz ainda alta.

Eu endireitei meu corpo no colo da minha mãe, ficando apenas sentada. Eu até podia estar com medo, mas não queria que todo mundo ficasse sabendo.

- Eu não estou com medo. – eu disse para ele, mostrando a língua.
- Alana! – Minha mãe colocou a mão sobre minha boca – O que eu lhe disse sobr...
- Está sim, tá no colo da sua mamãe. – ele dizia como se fosse algo muito engraçado.
- Eu não to não! – e então, eu pulei do colo da minha mãe, mas ainda segurando em sua mão, de jeito nenhum eu queria que ela fosse embora. – Viu?
- Você tá com medo. – agora o garoto cantarolava, e a mãe dele começava a ficar corada e a puxá-lo pela mão, como se o repreende-se silenciosamente.
- Eu não to não! – eu estava com tanta raiva (e com tanta vergonha) que meus olhos finalmente começaram a ficar molhados. Claro, o medo de ficar sozinha também ajudava.
- Alana, você precisa entrar querida, e eu preciso ir. – minha mãe havia se agachado também, olhando em meus olhos como ela sempre fazia.
- Você promete que vai voltar? Eu não vou ficar aqui pra sempre, né? – minha mãe negou com a cabeça, um sorrisinho no canto dos lábios, eu sabia que ela queria rir, o que me deixava mais nervosa.
- Não querida, não vai. Eu volto rapidinho, tudo bem? E a Senhorita Donnes vai cuidar muito bem de você enquanto isso.

Eu concordei com a cabeça e soltei a mão sua mão, ela me deu um beijo na testa e então eu entrei na sala.
Era uma sala meio oval, não era realmente quadrada. As paredes eram todas coloridas e cheias de desenhos infantis, rabiscadinhos, como se tivessem sido desenhados com lápis de cera, as mesinhas eram de madeira pintada, uma de cada cor. Colchões amarelos estavam empilhados no canto da sala ao lado de um baú de madeira enorme, pintado de vermelho e azul por fora. Um pianinho de criança de madeira alaranjada ficava perto da mesa da professora, era lindo, por sinal.
A Senhorita Donnes segurou minha mão e me levou até uma das mesas, colocando-me sentada junto com o tal Joe, seu irmão e mais uma garotinha loira.


- Não tá mais com medo? – ele insistiu.

- Joe, cala a boca! – reclamou seu irmão.
- Não vou não, Nick! – e Nick revirou os olhos para o irmão.
- Eu não tava com medo, seu feioso. – eu mostrei a língua para Joe de novo, o garoto começou a rir.
- Vocês estão brigando? – a garotinha loira perguntou, os olhos um tanto vermelhos, certamente, ela era uma das dezenas de crianças que estavam chorando. – Brigar é feio, sabiam?
- Eu sei, não tava brigando com ele. – eu disse para a menininha, e Joe sorriu, como se concordasse, certamente, era o que estava menos assustado. – Como é seu nome? Meu nome é Alana e o dele é Joe e o dele é Nick. – eu apontei para os dois garotos e para mim mesma.
- Meu nome é Wendy. – a loira sorriu para nós três.

Antes que nós pudéssemos dizer mais alguma coisa, a professora fechou a porta e se colocou a frente da sala.
A Senhorita Donnes abriu um largo sorriso, como se com isso tentasse nos deixar mais à vontade, e ela estava até conseguindo.

- Bom dia crianças. – ela nos saudou – Meu nome é Alice Donnes, mas podem me chamar de Tia Alice.

E daí toda aquela apresentação começou. As crianças disseram seus nomes, a professora fez com que cada um desse um abraço no amiguinho que se apresentava, ou seja, em minutos, todas as criancinhas assustadas estavam rindo e dizendo seus nomes para todo mundo.
 Depois, Tia Alice fez um círculo com todos nós e nos sentou no chão.

- Agora vamos conversar em grupo. Eu quero que vocês digam algo diferente que sabem fazer. – todas as crianças fizeram uma careta de assustadas – Quer começar, Joseph? – ela pediu sorridente.

O garoto ao meu lado engoliu em seco, mas concordou firmemente com a cabeça, levantou-se, o nariz um tanto empinado. Exatamente como ele fez quando tentou esconder que estava com medo.

- E-eu... – ele fez uma pausa, olhou para o irmão e pigarreou baixinho – Eu sei cantar.
- Que bom, querido. – a mulher continuava sorrindo de forma radiante. – Quer cantar para nós?
- Meu irmão pode tocar? – Nicholas puxou o braço do irmão, olhando feio para ele, mas Joe apenas o olhava de forma travessa.
- Você toca, Nicholas? O que? – ou a professora não via que Nick estava tão envergonhado que mal conseguia falar, ou ela gostava de fazer isso com as crianças. Algo me dizia que era a segunda opção.
- P-pi... Piano. – gaguejou Nick, as bochechas tão vermelhas que eu tinha vontade de apertá-lo.
- Ora, muito bem. Então, vocês podem nos mostrar?

Joe sorria convencido e Nick continuava vermelho. Joe fez com que Nick se levantasse e o levou até o pianinho, colocando o irmão sentado no banquinho. A cena era cômica e toda a sala riu, Joe sorriu mais convencido ainda, ficando em pé ao lado do pianinho, mas Nick não tocava. Joe chutou de leve o pé do irmão, que olhou feio para ele e só então começou a tocar. Uma música que eu conhecia, claro. Qualquer criança naquela sala conhecia aquela música.

- You've got a friend in me. You've got a friend in me. When the road looks rough ahead and you're miles and miles from your nice and warm bed. You just remember what your old pal said. Boy, you've got a friend in me. Yeah, you've got a friend in me

Sim, Joe e Nick tocavam e cantavam aquela música de Toy Story. Logo, todas as crianças batiam palmas no ritmo da música e cantavam o refrão com Joe. Aliás, Joe tinha uma voz muito boa de ouvir, era afinado, diferente das outras crianças da sala. Nick parecia ter perdido sua vergonha e estava completamente concentrado em seu piano, os dedinhos deslizando naturalmente sobre as teclas. Joe tinha um carisma anormal para sua idade, os dois tinham um certo comando sobre a turma, como um dom.

- And as the years go by our friendship will never die. You're gonna see, it's our destiny. You've got a friend in me. You've got a friend in me. You've got a friend in me

E eles terminaram, a sala toda aplaudiu. Nick levantou-se do banquinho, deu a mão para Joe e juntos eles agradeceram, como se fosse o final de um show.

- Muito bem meninos. – aplaudiu a professora, sorrindo – Foi realmente muito bom.

Joe voltou a sorrir convencido, talvez seu pequeno ego de criança estivesse quase explodindo, e ele só tendia a aumentar.
 Os dois voltaram para seus lugares no círculo, entre Wendy e eu, e se sentaram.

- Vocês foram muito bons! – Wendy elogiou, Nick sorriu corado, Joe sorriu cheio de si.
- É verdade – eu concordei, balançando a cabeça positivamente – Eu também sei cantar, Joe. – o garoto abriu a boca para dizer algo, mas a voz que ouvi não era a dele.
- Ora Alana, mostre para nós. – pediu a professora.

Eu fiquei vermelha, a sala toda me olhava. É, eu cantava bem, segundo a minha mãe. Mas nunca havia cantado para mais ninguém.

- Vai Alana, canta. – Joe me encorajou, mas seu tom era de desafio.
- Ahmm... Tudo bem... – eu me levantei meio trêmula. Ótimo, qual música eu iria cantar agora? A única música que me veio à cabeça foi a música de meu desenho preferido. Eu só esperava que não ficasse tão ruim. Eu pigarreei baixo.

- Tale as old as time. True as it can be. Barely even friends, then somebody bends unexpectedly

É, a música da Bela e a Fera foi a primeira coisa em que pensei. Eu não tinha o mesmo carisma de “liderança” que Joe, e nem a incrível concentração de Nick, mas a turma parecia encantada com alguma coisa em mim, todos me olhavam com cara de bobos.

- Beauty and the Beast. Tale as old as time, song as old as rhyme. Beauty and the beast

Eu mal terminei de cantar e aplausos começaram. Eu sorri agradecida, segurei em minha calças como se fossem a saia de algum vestido e fiz uma reverência para todos, me sentando em seguida.

- Muito bonito Alana. – a professora cessou as palmas, um grande sorriso brilhava em seu rosto – Vejo que tenho três belos talentos na sala. Isso é ótimo.

Nós três sorrimos para ela, claro, Joe mais convencido que antes. Na época eu nem imaginava, mas eu estava sendo comparada com uma das maiores febres mundial, que também se tornaria o monstro mais orgulhoso e o cara que eu mais iria amar e que mais iria me machucar. Claro, eu nem imaginava isso. Se tivesse ao menos tido alguma noção, teria pedido para minha mãe me mudar de escola. Mas, para minha felicidade (e não estou sendo irônica), eu não sabia de nada.

Price of Pride








Sinopse: Eu o conhecia há tantos anos, e por todos esses anos, sempre brigávamos. Mas, eu estava cansada disso, cansada de me rastejar para ele, implorando pelo seu perdão. Claro, eu apenas não sabia as conseqüências que isso teria.






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OBS: escrevi essa fanfic para participar de um concurso em uma comunidade de fanfics dos Jonas Brothers. Não vou trocar os nomes dos personagens só para agradar quem não gosta da banda, então, faça de conta que é um Nicholas qualquer, um Joseph qualquer e um Kevin qualquer.


OBS²: como foi escrita para um Challenge, eu tinha que escolher alguns itens importantes para a fic de uma lista que as organizadoras ofereciam. Na fanfic, ficaria legal uma cena NC-17. Mas, é a primeira vez que escrevo uma cena assim. Então, não me julguem, tentei deixar a cena o mais leve possível. 


Enfim, eu espero que apreciem.




dedicada à Alana Donola.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

TofT - Capítulo IV

20:15 - Jack

Eu estava ficando realmente preocupado. Quer dizer, como uma garota some dentro de uma loja? Tipo, por que a funcionária de um grande parque de diversões como este iria simplesmente sequestrar minha melhor amiga? Sabe, não tem sentido...
Max estava tão confuso quanto eu e David tentava distrair as meninas fazendo truques de mágica com um baralho. Já estava ficando tarde e Alex ainda estava sumida, foi quando meu celular tocou.
- Alô?
- Jack? - eu gelei ao ouvir a voz chorosa de Alex - Jack, onde vocês estão? Por favor, onde estão? - sua voz desesperada me assustava.
- Alex, calma. Nós vamos te buscar, onde é que você está? - dei enfaze no "você", afina, minha preocupação estava passando e era substituída por certa raiva de Alex, por ela ter sumido.
- Eu estou perto da Casa, em frente aquela lanchonete estranha de peixinhos...
- Espere dentro da lanchonete, Alex...
- NÃO! - ela gritou ao telefone e eu ouvi que ela tinha começado a chorar - Não vou entrar em loja nenhuma sozinha...!
- Tudo bem, tudo bem. Apenas sente exatamente onde está e nos espere.- eu comecei a andar na direção dos outros do grupo.
- Jack, venha rápido - ela pediu, como se fosse uma criança - Por favor...
- Já estou aí, Alex... - eu lhe disse e pensei em desligar o celular.
- NÃO DESLIGUE! - ela gritou novamente - Não quero ficar sozinha de novo... - Alex estava realmente assustada.
- Tudo bem Alex, fique calma... - eu a ouvi soluçar e passei o celular para Helena - Fale com Alex, a distraia enquanto vamos buscá-la.

Helena pegou o celular e imediatamente começou a falar com Alex e nós começamos a correr para o outro lado do parque. Estranhei o parque estar vazio, muito calmo. Eram quase nove horas, tínhamos que encontrar Alex e encontrar logo a saída. Helena passou o telefone para Anitra, que só então parou de chorar.
Ofegantes, chegamos à Casa. Olhei para os lados, procurando a tal da lanchonete, quando encontrei uma garota ruiva sentada ao pé de um telefone público, falando ao telefone. Assim que ela nos viu, levantou-se rapidamente, largando o telefone sem nem colocá-lo no gancho e correu em nossa direção, em minha direção. Ela jogou-se em mim e eu a segurei para não cairmos. A ruiva ainda chorava muito, soluçava em meu ouvido. Os outros nos abraçaram e Alex foi parando de chorar aos poucos.
- O que aconteceu, Alex? - eu perguntei quando nos sentamos no chão e ela parou de chorar.
- A Casa... e aquele homem aranha... a menina com a vela... - ela gaguejava e Anitra a abraçou, me olhando mortalmente, Alex escondia o rosto na amiga - Precisamos sair daqui. Agora! - ela disse, a voz meio abafada pelos braços de Annie.
- Tudo bem, vamos embora. - disse Max levantando-se.

Nos levantamos e seguimos para os portões do parque. Eu estranhei porque não encontramos ninguém no parque. Nossos passos leves no chão faziam um eco abafado por onde passávamos. Nenhuma pessoa, nenhuma pessoa vestida de monstro, nenhuma música. Nada.
Tudo ficou claro quando chegamos aos portões. Dois grossos, grandes e altos portões de ferro com um grande cadeado trancado-o, além de travas de segurança. Seria impossível abrir aquela coisa.
Alex chegou ao meu lado, tremendo, os olhos voltando a ficarem vermelhos e molhados, ela agarrou-se em meu braço, apertando-o.
- Jack... Isso significa... - ela começou.
- Que vamos ter que passar a noite aqui. - eu lamentei.

E todas as luzes se apagaram.